Dúvida cruel: você está diante do cliente e o job é desenvolver o site da empresa. Mas o contratante é sem noção e tudo o que consegue ver é se o layout é bonitinho. O que fazer? Pegar ou largar?
Quem participou de projetos de internet, principalmente nos últimos anos, deve ter percebido que os clientes – aqueles que compram soluções – não sabem o que exatamente é a internet e nem o significado de ter um website, por exemplo.
Isto é fato, já muito comentado.
Isto é fato, já muito comentado.
Chega a causar espanto perceber que praticamente nada mudou nesses últimos anos. O que continua a vender os sites sob a perspectiva dos clientes é o visual. Se ele achar bonito – nem sempre funcional –, é compra quase certa (na dúvida, o preço decide). Na maioria das empresas, quem continua a lidar com as provedoras de soluções para internet é o dono e não o departamento de informática, nem o de marketing, nem qualquer outro que deva, quase uma obrigação (sadia), realmente participar ativamente das fases de planejamento e desenvolvimento do projeto (fases que também na maioria só existem na cabeça de quem escreve o projeto).
Há exceções para todos esses pontos, obviamente, mas estamos falando aqui das empresas que não estão preparadas para internet.
Assim, diante desse quadro, fica a seguinte questão: vale a pena todo o esforço em melhorar a qualidade do produto em outros aspectos que não os visuais, o layout? Vale investir em capacitação da equipe para desenvolver sistemas administráveis, com segurança, banco de dados e tudo mais? E em estudos sobre a melhor metodologia a se utilizar? Isso é válido ou quem trabalha assim está à frente do seu tempo?
É um erro querer remar contra a maré, contra as empresas que trabalham de forma medíocre (parece forte, mas é a melhor palavra), enganam os clientes ou cobram preços absurdos?
O que vale é o visual, e nada mais parece importar. Com certeza há motivos lógicos para isso, pois o layout é mais palpável que qualquer outra coisa, mas ignorar os outros aspectos é um erro.
Infelizmente, a participação dos clientes geralmente se resume a assinar contrato, pagar (momentos difíceis, hein?), aprovar layout. O resto não existe… É esperar a ligação dizendo que o site está no ar e pronto. E então, a cada novo projeto que entrega, você pensa se realmente vale o esforço de desenvolver um site com tecnologias muito boas que, se utilizadas corretamente, trariam excelentes benefícios para o cliente.
Aí vão algumas perguntas, daquelas que Peter Senge chamaria de perguntas sem intenção de obter respostas, mas feitas para reflexão: você conseguiria desenvolver uma solução com qualidade inferior (diferente de ser simples apenas) ao seu conhecimento? E, até que ponto o seu conhecimento vale para além de você?
Todas essas questões trazem algum desconforto e uma incerteza que me impulsiona a continuar nessa área, que tanto gosto e acredito. Não precisava ser fácil demais, pois não teria graça. Mas não precisava ser tão difícil…
FONTE: http://www.ifd.com.br/blog/design/quando-o-cliente-nao-enxerga-alem-do-layout
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